Quando me lembro da minha infância recordo os seus aromas. O cheiro a tangerina. Minha mãe sempre fez licor de tangerina no Natal. As amoras que eu, a minha mãe e minha avó apanhávamos perto de casa. E claro... Como esquecer do milho? O tão adorado milho que a minha avó ou a minha tia Bernardete faziam. Verão não era verão sem milho.
Foi uma época feliz! Repleta de doces, de brincadeiras e muitos risos. Recordo do meu primo João brincar comigo em minha casa. Ele fugia e vinha se esconder em minha casa. Por vezes trazia doces. Outras apenas queria falar comigo. Quando meu pai reconstruir a casa, eu e o meu primo arranjávamos novas brincadeiras. Todo o dia era uma nova aventura!
Eu não tinha muitos amigos. Para além do meu primo, só havia mais duas pessoas que eu considerava minhas amigas. A Dina e a Joana Inês. Joana Inês era uma menina divertida, sobrinha de uma amiga da minha mãe. Era uma das poucas que não gozava comigo.
A Dina era a minha melhor amiga. Éramos inseparáveis. Fazíamos todo juntas. A apanhada, o jogo do avião, os trabalhos de escola. Tínhamos sempre algo a conversar. Ela era o meu porto seguro. Com ela ia conseguia falar. E confiava nas suas opiniões. Gostava das nossas brincadeiras. Lembro-me dos nossos piqueniques. Mas que momentos memoráveis! Contudo todo mudou. Crescemos e nos separamos. Ela teve de ir para outra escola. E eu continuei sozinha. Senti-me verdadeiramente perdida.
A minha infância é também é povoada por flores. Eu era uma criança muito curiosa. Todo o que encontrava no caminho levava para casa. E adorava oferecer flores. Principalmente a minha mãe. Nos aniversários eu oferecia cartas, poemas e histórias. E até alguns desenhos. Tinha o hábito de falar sozinha. Havia uma árvore na minha escola primária, com quem eu gostava de desabafar.
Hoje ao lembrar-me desses momentos... Sinto uma certa nostalgia! Parece que volto no tempo, e volto a ser essa criança frágil. Mas quem não gostaria de voltar a sua infância?
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